Dunshee propõe emenda mais permissiva sobre criação de SAF

O vice-presidente e candidato à Presidência do Flamengo Rodrigo Dunshee de Abranches reagiu à apresentação de uma emenda que visa dificultar a transformação do Flamengo em SAF (Sociedade Anônima de Futebol) com a sua própria proposta sobre o tema, na qual a aprovação da mudança seria mais fácil.

A proposta de Dunshee restringe a aprovação da emenda ao Conselho Deliberativo, sob o argumento de que a decisão sobre patrimônio do clube deve caber apenas aos sócios proprietários. O Flamengo tem o seu quadro formado por sócios proprietários, patrimoniais, contribuintes, off-Rio e laureados.

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Diante da circulação em grupos de sócios da proposta de Dunshee, os responsáveis por coletar assinaturas para outra emenda, que pretendiam aumentar as adesões na reunião desta segunda (1º) do Conselho Deliberativo e protocolar o documento amanhã, anteciparam a iniciativa e deram entrada no documento esta tarde, com 217 assinaturas.

Entre as assinaturas do documento estão as de Zico, dos ex-presidentes Marcio Braga, Eduardo Bandeira de Mello e Kleber Leite, dos pré-candidatos à Presidência do Flamengo Luiz Eduardo Baptista (Bap), Mauricio Gomes de Mattos, Flávio Willeman e Luiz Ferrão e dos ex-candidatos Marco Aurélio Assef, Walter Monteiro, Ricardo Hinrichsen, Ricardo Lomba e Wallim Vasconcelos.

O documento já protocolado prevê que a competência de decidir sobre a eventual criação de uma SAF é da Assembleia Geral, que inclui todos os sócios com direito a voto no Flamengo. Para que o voto tenha validade, a Assembleia deve ter quórum de ao menos 60% dos sócios com direito a voto, dois terços dos quais devem aprovar a mudança.

O Flamengo tem hoje cerca de 6 mil sócios com direito a voto. Ou seja, ao menos 3.600 teriam que votar e pelo menos 2.400 teriam que ser favoráveis à mudança para que o Flamengo pudesse se tornar SAF.

Já a proposta de Dunshee, que ainda não foi protocolada, prevê um ritual especial de votação no Conselho Deliberativo, com quórum mínimo de 500 conselheiros e necessidade de aprovação de três quartos dos votantes. Ou seja, por esse procedimento o Flamengo poderia virar SAF com apenas 375 votos.

Além disso, a proposta do vice-presidente não inclui a quarentena para ex-dirigentes prevista na iniciativa protocolada pelos 217 sócios.

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Atualização 2 de julho às 13h22: Após a publicação desta reportagem, Dunshee negou em entrevista ao site Goal que seja o autor da emenda.

“Isso não é verdade. Como falei, não posso ser autor de uma emenda que eu mesmo avaliarei na comissão de estatuto, da qual sou membro. Lamento muito que os opositores à nossa gestão estejam se utilizando de canal independente que supostamente cobre o Flamengo para nos atacar com mentiras e falsas narrativas”, afirmou.

Entretanto, a emenda está circulando em grupos de conselheiros do Flamengo sendo apresentadas por aliados do candidato como “emenda que o Rodrigo Dunshee propôs”.

Na entrevista ao “Goal”, Dunshee defendeu exatamente a mesma coisa que a emenda diz. “Por uma questão técnica e jurídica, entendo que a votação deve ser no Conselho Deliberativo, onde desde a fundação são votados os temas patrimoniais do clube”.

Por sua vez, a emenda diz:

“Não seria correto transferir os dirteitos inerentes aos conferidos aos sócios proprietários a outras categorias que não detêm qualquer fração sobre esse patrimônio, o direito de deliberar sobre as matérias que possam afetar, em última análise, o seu próprio patrimônio. Logo, em se tratando de medida que possui reflexos diretos no patrimônio do Clube e, por conseguinte, na fração ideal detida pelos sócios proprietários, a deliberação da medida deve competir àquele órgão composto, majoritariamente, por esta categoria associativa, ou seja, o Conselho Deliberativo (“CODE”).”