Aliado de Bolsonaro chama Rodinei de ‘principal astro do Flamengo’ para fugir de punição

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques fez o maior elogio que o lateral Rodinei, ex-Flamengo, já recebeu numa tentativa de escapar de uma punição por fazer propaganda eleitoral ilegal para o então presidente Jair Bolsonaro. Durante a campanha eleitoral de 2022, Silvinei presenteou o então ministro da Justiça Anderson Torres com uma camisa do Flamengo com o número 22, o mesmo com o qual Bolsonaro tentava a reeleição nas urnas.

“Afirmar que aquele momento ou aquela camisa se tratou de uma propaganda política é um exercício subjetivo, não jurídico, e fantasioso. Esse exercício pode chegar a qualquer lugar. Pode chegar ao ano em que o aniversário foi comemorado, 2022. Pode chegar ao número do principal astro do Flamengo na temporada, o lateral Rodinei, 22”, alegou a defesa do ex-diretor da PRF.

Leia mais: CPI descobre encontros secretos de Bolsonaro com dirigente do Flamengo

A camisa foi entregue a seis dias do primeiro turno da eleição. Embora Rodinei de fato já fizesse uma temporada acima da sua média, ainda não havia naquela ocasião marcado o gol decisivo na cobrança de pênaltis na final da Copa do Brasil, principal momento de sua trajetória, o que torna a desculpa menos crível. Além disso, mesmo assim defini-lo como “principal astro do Flamengo na temporada” é um exagero de qualquer maneira.

Defesa diz que não houve perícia para provar que camisa do Flamengo tinha número 22 de Rodinei e Bolsonaro

Pedro foi o artilheiro do Flamengo na temporada e eleito o Rei da América. Já Gabigol marcou o gol do título na final da Libertadores. Já Rodinei sequer recebeu proposta de renovação do seu contrato e acabou deixando o Flamengo para ir jogar no Olympiacos, da Grécia.

A defesa de Silvinei ainda alega que “em relação à camisa do Flamengo, resta controverso se, de fato, o número seria o 22, eis que não houve perícia a ponto de permitir essa conclusão”.

A foto da entrega da camisa, porém, mostra claramente o número 22 e o nome de Anderson Torres, e não o do lateral Rodinei,

Silvinei é acusado de tentar beneficiar Bolsonaro ao ordenar o reforço de operações da Polícia Rodoviária Federal no Nordeste no segundo turno das eleições. O objetivo seria impedir que eleitores de Lula fossem votar. Isso porque a vantagem do petista no Nordeste sobre Bolsonaro já tinha sido muito grande no primeiro turno.

Fotos de Bolsonaro com jogadores e taça da Libertadores em dia de eleição também foram alvo de denúncia

A entrega da camisa do Flamengo com o número de Rodinei não é a única intersecção entre a campanha ilegal de Bolsonaro e o clube.

Membros da oposição fizeram uma representação no Ministério Público Eleitoral contra Bolsonaro pelas fotos com dirigentes do Flamengo e jogadores no Galeão no dia da eleição. O presidente veio ao Rio votar e se encontrou com a delegação do Flamengo que voltava de Guayaquil após a final da Libertadores no dia anterior.

Recentemente, o tema voltou à tona com a revelação de que o celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e sócio honorário do Flamengo, tinha fotos do militar com a taça da Libertadores e com jogadores do Flamengo no aeroporto. O celular foi entregue ao Ministério Público no acordo de delação premiada em três processos envolvendo Bolsonaro, incluindo o de falsificação do certificado de vacinação do ex-presidente por Mauro Cid.

Apesar de ser o suposto principal astro do Flamengo, Rodinei não estava entre os jogadores do Flamengo com o qual o ex-ajudante de ordens do Bolsonaro tirou foto.