20 de agosto de 2023. Data de mais um jogo completamente revoltante do melhor elenco do país. Esse é o novo normal do Flamengo. Um time que demoliu tudo de bom que havia de bom em seu planejamento por mera liberalidade.
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Desde então as desculpas para justificar isso se multiplicaram. Começamos com o “problema físico”. Na tentativa de colocar os problemas na conta do técnico que foi chutado, os porblemas evidentes do time foram colocados nos “dois meses de férias”. Passaram-se quatro meses e o time contiuava perdendo por que tiveram 10 dias a mais de férias.
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Irei pular a tragédia portuguesa que foi amplamente documentada e me concentrar na tragédia ainda pior que veio da argentina. Este ainda pegou o fim da desculpa das férias. Chegou falando do físico, botou todo mundo pra correr, quebrou meia dúzia de jogadores e essa desculpa morreu. E o time continuou jogando mal.
Criou-se então a segunda desculpa: os jogadores escolhem os jogos. Ah, então pronto! Agora que estão bem fisicamente, eles não jogam porque não querem. São vagabundos! Houve gente com microfone em TV nacional que insinuou que o motivo disso era financeiro. Explica-se: Nas competições de mata-mata você tem uma grande premiação para uma quantidade menor de jogos, logo valeria a pena focar nelas.
Provavelmente orientado por advogados, essa desculpa mudou ligeiramente. Não era uma questão financeira e sim inconciente de jogadores que “acham que vão ganhar a qualquer momento” em campeonatos longos, sem a atmosfera decisiva de um mata-mata.
E os jogos ruins na fase de grupo da Libertadores? Hm… Peraí… Já sei! Isso é devido à mobilização dos adversário para jogar a competição. É um pequeno time do Chile? Sim, mas e daí? Estava mobilizado, ué. Desde então um sinal de alerta ligará para os inventadores de desculpas, era necessário uma nova.
E então apareceu a perfeita! O braço direito do treinador agrediu um jogador no vestiário e o treinador (que deveria ter sido demitido naquele momento), fez um texto igualando agressor e agredido. Foi o evento perfeito para mudar a desculpa. Se anteriormente eles não queria jogar o Brasileiro, agora estavam com má vontade para com o técnico.
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Conforme os resultados ficavam melhores que desempenho nos jogos da Copa do Brasil e da Libertadores, a desculpa ia sofrendo uma sorrateira retcon. Parou-se de falar em escolher jogos, já que jogava mal em todos e começou-se a insinuar boicote ao técnico que além de péssimo na beira do campo, não consegue gerir o elenco de forma eficiente.
E então a realidade se impôs. Apesar do ocorrido com Pedro e do fato de que Sampaoli só fora conversar com o atléta duas semanas depois, os jogadores fizeram questão de demonstrar solidariedade com o técnico (o que aliás, aconteceu com todos até aqui). No gol que sacramentou a classificação para a final da Copa do Brasil, abraço coletivo que Arrascaeta fez questão e Gabigol em seguida puxou o treinador para o bolinho.
Os tapinhas na careca de Sampaoli e algumas declarações de jogadores indicavam uma trégua entre comandante e comandados. E no jogo seguinte… o roteiro é o mesmo, sufoco contra o Coritiba, arrancando a vitória no finalzinho com um chute de fora da área. Na comemoração, abraço apertado de Gerson em Sampaoli. Fica cada vez mais difícil inventar uma desculpa, entretanto, não vão desistir tão fácil.
No dia de hoje já há jornalista transformando os programas de esportes em programa de fofoca, insinuando que haveria falsidade nessas demonstrações de amistosidade para com o treinador. Não satisfeitos, ainda emendam assim: Sampaoli está fazendo de tudo para conquistar os jogadores do Flamengo, exemplo disso? A titularidade de Filipe Luis.
Sabemos o final disso, a derradeira desculpa virá na forma de “a panela derrubou Sampaoli”. Mas sequer se fala sobre o futebol jogado pelo Flamengo. Os contorcionismos parecem cada vez mais difíceis, as desculpas rareiam tanto quanto os bons momentos do time esse ano.
Renato Veltri é advogado, formado pela UFRJ em 2019 e flamenguista formado por sua irmã, Vanessa, na final da Copa do Brasil de 2006. Twitter: @veltri_renato.
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