“Nem tudo lhe cai bem. É um risco que se assume, o bom é não iludir ninguém”. O trecho anterior, retirado da música Vícios e Virtudes do famoso Acustivo MTV de Charlie Brown Júnior, resume o que tem acontecido com o Flamengo. Continuamos caminhando a passos largos para nos tornamos o mais próximo do Palmeiras possível, transformandos os vícios do alviverde paulista no que nós achamos ser nossa virtude.
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Vícios
Desde o futebol praticado pelo horroroso Vitor Pereira, o Flamengo já abria mão de suas características em prol de um jogo físico, de correria e sem muito refino quase que clamando por ter um Rony para botar para jogar. Após sua demissão, melhoramos em futebol jogado, mas continuamos praticando um jogo mal jogado e feio.
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Tornou-se normal que tivéssemos menos finalizações, menos posse, menos passes trocados que o adversário. Deve ser tão ruim né? Afinal, Abel Ferreira faz é muito vitorioso. Normaliza-se assim o Flamengo que não assume o protagonismo do jogo. Um Flamengo que desde a chegada de Sampoli só finalizou mais que o seu adversário em 3 ocasiões.
“Mas é apenas uma derrota em 17 jogos!”, esclama o torcedor que ignoraria esses números caso o bunda sentada no banco de reservas não tivesse sotaque. Normaliza-se assim o Flamengo que se satisfaz com vitórias que advêm do acaso. Um pênalti estúpido e acidental (mas que existiu) no primeiro jogo contra o Athlético, um gol contra achado no segundo jogo contra o mesmo Athlético, um tabela que nos colocou frente a frente com times como Aucas e Nublense.
Isso não é , obviamente, nada muito diferente do tão celebrado Abel Ferreira. Este que foi exaltado depois de ser campeão da Libertadores jogando contra time da segunda divisão argentina, ou por mero acaso do escorregão do jogador adversário na prorrogação. Tudo isso enquanto praticava um futebol xoxo com um dos melhores elencos do país.
E todos fecham os olhos quando parece dar certo. Começou a desandar lá nos lados paulistas. Talvez a sorte que eles tiveram agora esteja do nosso lado. Mas é isso que queremos ? É disso que precisamos?
Juntamente com o Flamengo que sofre pressão, nasce o Flamengo que demora um minuto para bater tiro de meta no primeiro tempo. Afinal, para quem for ser pressionado, quanto menos tempo de bola rolando, melhor certo? Sim, eu sei que fazem isso conosco e não causa grande comoção. Mas também sei que quem faz isso é porque não se garante, e geralmente nós nos garantimos.
Vício fora de campo
O Flamengo teve um gol bem anulado no jogo contra o Athlético. Podem espernear, gritar, chorar ou até… se calar, mas o gol foi bem anulado. E qual foi a postura adotada ? Greve de entrevista. Estratégia adotada justamente pelo Palmeiras como cortina de fumaça para mascarar seu desempenho ruim e tentar pressionar a arbitragem.
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Ao que parece, deu certo para os os paulistas com dois jogos decisivos seguidos tendo erros a seu favor. E eu acho legítimo que seus adversário não queiram ficar atrás. Se eles pressionam de lá, nós pressionamos de cá. Infelizmente é do jogo. Entretanto, um das maiores vergonhas que eu já vi foi a determinação de que não haveria coletiva após o jogo por causa de um gol bem anulado.
Eu gostaria de saber o que o Sampaoli acha de ter tido menos de um terço das finalizações do adversário no do Fla jogo fora de casa, enquanto no jogo dentro de casa eles tiveram mais que metade das nossas. Eu gostaria que o técnico flamenguista explicasse porque que juntando os dois jogos, o número de finalizações no gol foi 8 a 6 para os paranaenses.
Mas criou-se a cortina de fumaça da arbitragem para que as massas discutissem isso e não se falasse do futebol deteriorado do Flemengo a olhos nús.
Virtude
Um time copeiro. Que venceu os dois jogos contra um adversário muito qualificado, inclusive vencendo fora de casa, num ambiente hostil e com grama sintética. Esse é o São Paulo de Dorival. E o fez com autoridade, sendo melhor em ambos os jogos.
Esse é o o técnico que nós abrimos mão no início do ano. Um técnico que entende as virtudes do Flamengo, que as potencializou e nos trouxe a copa do brasil e a libertadores. Infelizmente parte da torcidade esquece rápido e se contenta com migalhas de um futebol ruim que vai dando resultado… por enquanto.
Mas como dizia a música, “Nem tudo lhe cai bem” e ser um time que vive sendo massacrado pelo adversário não cai bem ao Flamengo. “É um risco que se assume”, enquanto estivermos assim, qualquer time pouco mais arrumado pode nos superar, a sorte é imponderável. “O bom é não iludir ninguém”, não se iludam, os números são enganosos e o tal “Sampaolismo” que alguns já falam por aí é horrível.
Renato Veltri é advogado, formado pela UFRJ em 2019 e flamenguista formado por sua irmã, Vanessa, na final da Copa do Brasil de 2006. Twitter: @veltri_renato.
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