Em meu segundo texto aqui para o MRN, estou preparado pra passar a ser odiado por uma parte significativa dos leitores. Mesmo em meu perfil no Twitter com poucos seguidores é impossível dizer a frase que direi sem que ao menos uma pessoa comente discordando e as vezes até xingando. Mas algumas brigas merecem ser compradas e eu não sou de fugir delas, portanto, lá vai: Diego Ribas é um grande ídolo e símbolo do Flamengo reconstruído.
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Aqueles que começaram a seguir o poderoso Flamengo de 2019 (e não tem demérito nenhum nisso, quanto mais de nós, melhor) precisam entender qual era a dinâmica do Flamengo pré-2013. Todos os anos nós especulávamos uma contratação bombástica em algum grau. Às vezes era o super destaque de um time pequeno no Brasileiro, as vezes era a volta/vinda apoteótica de um craque internacional.
Uma pequena quantidade desses vinham. Uma quantidade ainda menor dava certo, ficava um tempo e saía para um mercado pequeno. Fizemos isso de ano em ano até que quebramos. As tentativas do “Império do amor” e do “Bonde do Mengão sem freio” foram os dois últimos projetos que fracassaram e nos deixaram apenas dívidas.
A partir de 2013, nós apertamos o cinto e passamos anos sem grandes contratações até a vinda de Guerrero que se mostrou um fiasco tanto dentro de campo quanto de identificação com o torcedor, e logo depois, Diego Ribas.
A chegada de Diego, vindo do Fenerbahçe criou o primeiro AeroFla. Aquela contratação fazia o flamenguista sonhar novamente. E para falar a verdade a virada demorou mais do que esperávamos. E lá estava Diego. Como camisa 10 e jogador que colocava a cara nas derrotas pesadas (muitas das quais ele tinha grande culpa).
Sua fritura começou ali, algo parecido com o que se deu com Rodrigo Caio no São Paulo. E culminou na agressão sofrida antes do jogo contra o Ceará, em 2019. Naquele momento, Diego poderia ter pedido pra sair do Flamengo, não o fez e pelo contrário, fez questão de abraçar a torcida após fazer um gol naquela mesma rodada.
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E nem mesmo sua participação crucial no gol que nos deu o título mais importante dos últimos 30 anos foi capaz de mudar a postura dos torcedores com relação ao meia. Até hoje tem gente discutindo se foi um chutão ou um lançamento. É irrelevante, foi a origem do gol do bi da américa, isso basta. Quantos podem dizer que fizeram isso? Eu certamente não.
É claro, a trajetória de Diego Ribas teve uma quantidade grande de maus momentos, isso é inegável. Mas mesmo nos piores momentos, sempre foi permeado por carinho para com a instituição e para com os torcedores.
Em todos esses anos de Flamengo, Diego sofreu justa e injustamente. Se esse último ano foi sofrível dentro e fora de campo (o episódio com o Venê Casagrande merecia uma punição severa), um monte de boatos e de teorias da conspiração colocavam injustamnte no camisa 10 a culpa de todos os males rubro negros. Os inúmeros tuiteiros que juravam que o Flamengo não ganharia nada enquanto Diego vestisse nossa camisa, ignoraram que fomos campeões com ele no banco sem criar problemas, sendo preterido justamente pelo jovem Victor Hugo sem chiar.
A verdade é que a torcida sempre bateu no Diego com um tom acima do que deveria por motivos reais ou inventados, e até em coisas da vida pessoal do jogador. Até o livro que o cara lançou se tornou motivo de “hate” na internet. E por mais que o próprio tenha se esforçado durante todo 2022 para dar razão a seus haters, história não se apaga.
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Por isso, Diego Ribas merece ao menos o respeito da torcida que sempre valorizou, do time que sempre demonstrou amar. Encerra sua bela carreira como um dos jogadores mais vitoriosos da história do Clube de Regatas do Flamengo e de minha parte terá pra sempre gratidão. E pro torcedor que odeia o jogador, não detrate a memória dele. Ele não mais jogará pelo clube, fique feliz e deixe-o em paz.
Ao longo ano que vem veremos quem será o próximo jogador a ser pego pra Cristo e simbolizar tudo de ruim que existe no Flamengo. Até o meio do ano, havia uma movimentação pra que Everton Ribeiro fosse o “novo Diego”, que foi abortado com a demonstração mais uma vez de como nosso camisa 7 é craque.
E esse é o Flamengo. 40 milhões é gente demais, impossibilita a unanimidade. Mas que ao menos haja reconhecimento aos que algo fizeram por nós. Curta sua aposentadoria, Diego. Campeão estadual, nacional, continental e mundial não é pra qualquer um.
Renato Veltri é Advogado, formado pela UFRJ em 2019 e flamenguista formado pela irmã dele na final da Copa do Brasil de 2006. Twitter: @veltri_renato
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