O Flamengo encarou no domingo (21) o Palmeiras no Allianz Parque com sua equipe alternativa. Entre acertos e erros, fez um jogo equilibrado que mostrou o valor do elenco rubro-negro.
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Com a bola, Palmeiras e Flamengo apresentam suas ideias iniciais
Diferente do que se tornou uma “marca registrada” das duas equipes nos últimos anos, o jogo começou com propostas diferentes que ambas usam em grandes jogos. Enquanto o Palmeiras iniciou o jogo com bola, por outro lado o Flamengo se defendendo em bloco médio.
Abel Ferreira tinha muito clara a ideia de buscar balançar a bola lateralmente para encontrar espaços no meio-campo curto rubro-negro. Ou seja, explorar que o Mengão inicia sua marcação com três jogadores à frente.
Nos momentos com bola, a ideia inicial do Flamengo era de explorar os apoios gerados por Lázaro como “falso 9” para atrair os zagueiros do Palmeiras e atacar os espaços gerados às suas costas. Seja com Victor Hugo ou com os dois pontas Marinho e Cebolinha.
Contudo, nos minutos iniciais, a principal arma ofensiva do Mengão foi David Luiz. Tanto ele, como Pablo eram pressionados somente por Rony. Assim, ambos zagueiros tiveram liberdade para conduzir e acionar diretamente o ataque em duas oportunidades.
Flamengo sofre pelo lado esquerdo, mas abre o placar
Após o período inicial de maior equilíbrio, o Palmeiras passou a explorar com mais frequência o lado esquerdo de defesa do Flamengo. Igualando a saída de bola em 3×3, Marcos Rocha se posicionava aberto pela direita. Dessa forma se tornava um homem-livre na construção palmeirense.
O trio de frente não conseguia dificultar a saída dos zagueiros alviverdes e permitia que o lateral-direito fosse acionando. Como resultado, o Palmeiras gerava superioridade numérica pelo setor, dado que Cebolinha não recuperava a profundidade.
Ainda assim, o Flamengo abriu o placar. Exatamente encontrando a solução para parar o ataque palestrino: pressionando a saída de bola com os atacantes. Após forçar erro de Weverton, João Gomes recuperou a posse e acionou Ayrton Lucas pela esquerda.
O lateral-esquerdo venceu o duelo com Marcos Rocha cruzou na área. Victor Hugo invadiu o espaço como um atacante (posição onde atuou pelas categoriais de base) e de cabeça marcou seu terceiro gol pelos profissionais. 1×0.
Depois de sair na frente, o Flamengo teve uma segunda chance cristalina de ampliar o marcador. Após cobrança de falta de Marinho, Pablo cabeceou livre na pequena área. Mas o zagueiro errou o cabeceio e a bola subiu demais.
A primeira etapa terminou com o Palmeiras buscando atacar pelo seu lado direito e o Flamengo buscando ataques rápidos, por meio da conexão Ayrton Lucas/Lázaro.
Palmeiras explora vulnerabilidade do Fla e empata o jogo
Sem mudanças nas peças, Palmeiras e Flamengo começaram com mudanças táticas no segundo tempo. Do lado paulista, Dudu inverteu de lado com Scarpa e passou a atuar pelo lado direito. Raphael Veiga deixou de atuar mais centralizado para cair pela direita junto do camisa 7.
Dorival Jr. também modificou o desenho do Flamengo. Afim de proteger melhor o corredor lateral, posicionou Marinho e Cebolinha mais abertos e Victor Hugo mais próximo de Lázaro, numa espécie de 4-2-4-0. Contudo, a ideia surtiu pouco efeito por um contramovimento de Abel Ferreira.
Ao invés de fazer uma saída de três com um dos laterais mais avançados, o Palmeiras voltou a sair para o jogo com seus quatro defensores. Assim, fixou os pontas do Flamengo em Marcos Rocha e Piquerez. Com isso, o Palmeiras seguiu gerando sobrecarga pelo lado direito de seu ataque.
Nesse sentido, os 45 minutos finais começaram com o Palmeiras criando duas boas chances com Veiga e Zé Rafael em cobrança de escanteio. O Palmeiras empurrava o Flamengo para seu campo de defesa e retinha ainda mais a posse de bola, sobretudo pela direita.
Além de gerar sobrecarga pela direita, o Palmeiras ficava vulnerável pelo setor. Então, em duas oportunidades, o Flamengo também teve chances de fazer seu segundo gol. Lázaro e Ayrton Lucas finalizaram com perigo.
Apesar disso, o Palmeiras seguiu gerando mais perigo pelas dinâmicas que estabeleceu no início da segunda etapa. Num período de 20 minutos, seguiu construindo pelo setor, sem que Dorival Jr. encontrasse soluções para isso.
Assim, o gol que estava ficando maduro se concetrizou. Boa condução de Danilo pela direita atraiu Thiago Maia. O volante acionou Dudu pela direita, que fixou Ayrton Lucas e condiciou uma dobra de João Gomes no setor. O ponta centralizou para Veiga, que dominou rápido e por fim acertou um belo chute. 1×1.
Flamengo recorre ao seu poderoso ataque titular, mas para na barreira palmeirense
Com a necessidade de vencer o jogo, o Fla pôs em campo seus cinco principais jogadores do meio para frente. Dessa forma retomou o seu modelo de jogo buscando mais associações por dentro e o controle da posse. Assim, em resposta ao poderoso ataque do Mengão, Abel Ferreira também mudou de desenho.
O português passou a utilizar Scarpa como um ala, que nos avanços de Matheuzinho, seguia o lateral direito do Flamengo para cobrir o corredor lateral. Assim, Piquerez pôde ficar mais próximo de Gómez e Murilo, de modo a ter mais um jogador para proteger a grande área.
O jogo voltou ao seu “script” natural, entretanto com o Fla pouco efetivo ofensivamente. O duelo então caiu de ritmo. Por fim, o Mais Querido esteve mais próximo de sofrer uma virada do que vencer o jogo. Aliás, fruto da boa estratégia de Abel Ferreira.
Balanço geral do duelo entre Palmeiras e Flamengo
Antes de mais nada, é preciso avaliar o duelo sob dois pontos de vista: o que aconteceu em campo e o contexto ao redor do jogo. Nos 90 minutos, o Palmeiras foi ligeiramente superior no geral e nesse sentido poderia ter saído com a vitória.
Em períodos mais longos, conseguiu ser dominante no jogo, causando dificuldades com e sem bola para os comandados de Dorival Jr. Todavia, é necessário salientar que o Flamengo atuou com uma equipe alternativa contra possivelmente seu principal adversário no continente fora de casa.
No geral, o Flamengo B se comportou bem durante o jogo e assim mostrou-se preparado para atuar em qualquer cenário na América do Sul. Enfim, os questionamentos sobre a não utilização dos titulares são mais que justos, mas esse time alternativo se provou pronto para qualquer desafio.
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