O Flamengo perdeu a sexta partida em 13 rodadas do Campeonato Brasileiro 2022. Atualmente na 14ª posição, com 15 pontos, o Rubro-Negro já parece fora da briga pelo eneacampeonato. Tanto analistas como torcedores buscam explicações para um desempenho tão ruim no início da competição.
Uma teoria que ganhou força depois da derrota desse domingo em Belo Horizonte foi a de que o time do Flamengo não compete no mesmo nível de intensidade que seus adversários. Um sintoma disso seria a sequência de “ressurreições”.
Leia Mais: Flamengo oficializa contratação de Everton Cebolinha
Das seis derrotas que o Flamengo teve neste Campeonato Brasileiro, pelo menos três foram contra clubes que vinham em crise. Quando o Flamengo perdeu para o Fortaleza na 9ª rodada, no Maracanã, o tricolor cearense estava em último lugar e não havia vencido ainda.
Da mesma forma, na 10ª rodada, o Flamengo perdeu para o Red Bull Bragantino em Bragança Paulista com o time paulista há nove jogos sem vencer. Para finalizar, na derrota de ontem, o Flamengo perdeu para o Atlético-MG, que vinha de quatro jogos sem vencer.
Por isso, fica a pergunta: o Flamengo corre menos do que os adversários? Por que times que estão em crise parecem correr muito mais do que o Flamengo? Uma olhada nos números do Flamengo até aqui mostram que a resposta não é tão simples.
Nos indicadores que apontam a eficiência do time em disputas diretas com o adversário, o Flamengo está na média. Quando se olha para desarmes, duelos vencidos, cortes, interceptações, disputas defensivas ganhas, entre outras, o Rubro-Negro está na média.
Em alguns quesitos, o Flamengo inclusive lidera ou está perto da liderança. Em brilhante tabulação do analista tático do Mundo Rubro-Negro, Douglas Fortunato, percebemos que o problema não é geral, mas episódico.
O Flamengo lidera na porcentagem de disputas na defesa ganhas entre os 20 clubes da Série A, com 57%. A mesma acontece nas disputas aéreas ganhas, com 58%, empatado com Atlético-MG. A mesma coisa acontece com os desarmes bem sucedidos. O Flamengo tem 56%. Apenas Ceará (59%) e Fluminense (57%) têm um percentual melhor.
Em bolas perdidas, bolas recuperadas e rebotes, o Flamengo está na média dos outros 19 clubes. Apenas em interceptações (que são cortes de passes longos), o Flamengo tem a pior média entre todos os clubes da Série A (40.15 por jogo).
Números mostram a importância de manter a concentração
Os números acima deixam claro que o Flamengo está na média nos quesitos que determinam se um time está competindo no mesmo nível dos demais. Mas isso apenas não resolve. Mesmo que o problema não seja generalizado durante os jogos, os momentos de desatenção têm sido fatais.
O jogo desse domingo foi decidido em dois desses momentos. No primeiro gol do Atlético-MG, houve falha de posicionamento de Andreas no cruzamento de Arana, de Rodrigo Caio e Pablo no cabeceio de Keno e, o mais grave, de Vitinho, no acompanhamento de Nacho na hora do rebote.
No segundo gol, a mesma coisa. Mariano deu um balão da direita sem receber pressão. Hulk venceu Rodrigo Caio no alto e Ademir foi deixado livre por Arão na entrada da área. Dois momentos de falta de aplicação tática e dois gols sofridos.
E esse é um problema que não vem de hoje, Na final da Libertadores 2021, os dois gols do Palmeiras nascem de falhas graves do Flamengo. No primeiro, Willian Arão não acompanhou Rafael Veiga e o deixou finalizar livre. No segundo, Andreas Pereira errou o domínio e entregou o título.
Jorge Jesus exigia atenção em 100% do jogo
Um dos diferenciais de Jorge Jesus no curto período em que dirigiu o Flamengo foi a obsessão com a manutenção da intensidade e da disciplina tática. Era comum vê-lo dando broncas em jogadores mesmo com o placar altamente favorável ao Flamengo.
Esses “ataques” à beira do campo que viraram quase um folclore nada mais eram do que o Mister exigindo que os jogadores se mantivessem focados durante todo o jogo e seguissem o que foi treinado.
Não foi a toa que o Flamengo passou do time que venceu uma final de Libertadores com dois gols em quatro minutos para o time que entregou um título de Libertadores ao dar o gol para o adversário na prorrogação.