Nem o mais apaixonado e fanático torcedor de qualquer clube imagina ser campeão com 100% de aproveitamento. Isso significa que o time, mesmo com mais pontos, irá tropeçar ao longo do campeonato. Nem em ligas dominadas por uma mesma equipe há anos observa-se campeões invictos.
Logo, todos entram na competição sabendo que certos jogos são mais difíceis do que outros. Ou seja, em algumas ocasiões, sabe-se que a derrota é o resultado mais provável que a vitória.
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Isso não significa que o time deva entrar para perder num jogo mais difícil, afinal não deveria ser normalizado perder para tal adversário. A equipe deve buscar a vitória a todo custo, a discussão aqui é que existem pontos que fazem mais falta do que outros ao final do campeonato.
O jornalista Rica Perrone fazia em seu site, até 2019, a Classificação Planejada, onde, de acordo com critérios dele, eram estipulados os resultados “planejados” para as equipes ao longo do Brasileirão. Em linhas gerais:
- Um time deveria ganhar todas as partidas em casa, exceto os clássicos;
- vencer dos “pequenos” fora;
- empatar com os “médios” como visitante;
- voltar para casa derrotado ao enfrentar os “grandes” longe de seus domínios;
- meta de 74 pontos para chegar ao título.
Esta ideia busca trazer uma outra visão para a tabela de classificação ao longo da temporada. Um clube com 25 pontos não necessariamente está em melhor condição que outro com 21. O que mais pontuou pode ter enfrentado adversários mais fáceis e deixou pontos não planejados pelo caminho, enquanto o com menor pontuação pode ter tido confrontos mais difíceis e conquistou pontos não esperados.
Inspirado nesse modelo, criei uma nova versão da Classificação Planejada.
A primeira mudança foi a pontuação desejada a fim de assegurar o título. Para ser campeão, um campeão precisa conquistar, no mínimo, 1 ponto a mais que o vice-campeão. Para isso, calculei a pontuação média do 2º colocado do Brasileirão desde que o atual formato com 20 clubes na elite foi adotado, em 2006. O valor encontrado, para esta edição de 2022, foi de 68,9, logo, a pontuação média mínima para ser campeão desde 2006 é de 69,9 pontos, ficando em 70 pontos, após arredondar.
Isso significa que quem alcançar 70 pontos com certeza será campeão? Não. Mais de um clube pode superar a pontuação esperada, rompendo essa barreira. Este número se baseia apenas no histórico da competição. Já tivemos vice-campeões com mais de 70 pontos e campeões com menos. A meta serve para nortear o planejamento e balizar a análise ao longo do campeonato.
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Outra mudança feita foi em relação à “obrigatoriedade” de se ganhar em casa e a definição entre “grandes”, “médios” e “pequenos”. Alguns clubes considerados grandes, por conta de sua relevância histórica, passam por momentos complicados, logo, sendo adversários mais frágeis. Por outro lado, equipes que eram consideradas “pequenas” passaram por uma estruturação recente e foram conquistando espaço no cenário nacional.
Para isso, foi criado um coeficiente que indica a dificuldade daquele confronto para determinada equipe. Este número é baseado em quatro pilares e leva em conta as duas equipes da partida:
1 – Pontuação no Brasileirão Série A nos últimos 10 anos
Se assemelha ao cálculo do Ranking da Conmebol, onde as edições mais recentes possuem mais relevância que as mais antigas, ou seja, ocorre um decaimento da pontuação de determinada edição conforme o tempo passa, até que eventualmente, ela sai do cálculo.
2 – Pontuação no Brasileirão Série A nos últimos 10 anos como mandante ou visitante
É o mesmo princípio do pilar anterior, porém desta vez considera-se apenas os pontos conquistados como mandante ou visitante, dependendo de onde a equipe está disputando o confronto.
3 – Aproveitamento no confronto ao longo dos últimos 10 anos
Este pilar não está restrito ao Brasileirão. Considera-se todas as partidas disputadas entre as equipes nos últimos 10 anos.
4 – Aproveitamento no confronto ao longo dos últimos 10 anos como mandante ou visitante
Assim como na pontuação da Série A, também se faz a diferenciação entre o confronto como um todo e no mando específico das equipes.
A partir destes cálculos se chega ao coeficiente de cada confronto ao longo da competição e é determinado o resultado esperado para aquela partida para se alcançar a meta estipulada.
Conquistar mais pontos sempre será a melhor opção para o clube. Esta visão busca apenas mostrar se o time está próximo ou distante do “planejado” em determinado momento da competição.
A Classificação Planejada é baseada em números e não leva em conta fatores externos e subjetivos. Nenhum planejamento, ainda mais os imutáveis feitos antes da competição se iniciar, será perfeito e nem estou propondo isto.
A Classificação Planejada é apenas uma outra forma de se enxergar a classificação ao longo do torneio levando os mesmos critérios objetivos para todas as equipes. No final, o que importa é ter mais pontos que o 2º colocado, seja 70, 60 ou 90 pontos. E quem tiver a maior pontuação, vai ter o melhor aproveitamento na Classificação Planejada ;).
Veja a Classificação Planejada após a quarta rodada do Brasileirão 2022
Tabela Planejada do Flamengo para o Brasileirão 2022
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