Confira a entrevista feita por nossos colaboradores com o craque.
Hesley Menezes: Sávio, como jogador formado na nossa Base, você pode falar pra gente como era a estrutura em sua época?
A estrutura fisica era muito muito ruim, nao tinha centro de treinamento, nao era fácil, pois tínhamos que, todos os dias, treinar em campos diferentes e sempre longe. Mas tínhamos uma equipe de trabalho muito boa, treinadores, preparadores, médicos, psicólogos, nutricionistas, que supriam a falta de estrutura.
Gustavo Duarte: Depois de você, qual jogador revelado na Gávea teve as características mais próximas às suas? Por que o Flamengo parou de revelar grandes jogadores?
Tem que ser analisado sempre a qualidade, infelizmente nos últimos anos o clube nao conseguiu revelar talentos, hoje ja é uma realidade o Jorge, muita personalidade e talento. E o Matheus Sávio ainda tem que ter tempo e cuidado, esperar o momento certo. Ele ainda não está pronto.
Com minhas características não consigo analisar, mais alguns talentos como Julio Cesar, Juan, Renato Augusto, Adriano vieram depois…
Gustavo Duarte: E de forma geral, por que o Brasil não revela mais craques fora de série? É só a safra ou há problemas maiores?
A prioridade sempre é a Base. A história do clube é feita da Base, então deve-se olhar com mais carinho e dar todas as condições necessárias de trabalho aos atletas e profissionais. Não entendo ainda como o Ninho do Urubu não está pronto! Então ainda não está sendo prioridade. Tem grandes profissionais dentro do clube e o importante é o clube fornecer ferramentas modernas a esses profissionais.
Problemas de estrutura. Tivemos a grande oportunidade depois da Copa do Mundo de 2014 e não mudamos. O resultado na Copa nao foi um acaso. Foi o retrato do futebol brasileiro atual, que já não é o melhor do mundo há muito tempo. Como falei, os clubes têm que dar prioridade e olhar profundamente pra Base. Os clubes não podem esperar mais as entidades, Federações e Confederações, tomarem decisões. Precisam de mais união entre eles e pensarem juntos o futebol brasileiro. Um futebol nacional forte é bom para todos e principalmente para o torcedor.
Diogo Almeida: Depois de deixar os gramados, sabemos que você se dedica ao ramo imobiliário e vem tendo muito sucesso. E agora está com a Sávio Soccer. Conta pra gente sobre esse novo projeto, dessa vez novamente trabalhando com futebol.
Sempre me preparei desde cedo e continuo me preparando, conhecimento é fundamental e estou muito focado no lado empresarial, imobiliário, financeiro e esportivo. São três empresas. A Bortolini Patrimonial, Bortolini Finanças e a Savio Soccer, empresa de gestão e carreira e palestras.
Diogo Almeida: Onde existe mais pressão, no Real ou no Flamengo?
Os dois são grande times com grandes torcidas. Entre Flamengo e Real Madrid foram 15 anos que vivi e com muita emoção, cobrança, pressão, paixão. Só agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade em defender esses dois clubes.
Gustavo Duarte: Por que saiu do Flamengo em 2006, abrindo mão de jogar a Libertadores do ano seguinte, para jogar no Levante?! O problema foi salários atrasados?
Foi um pouco de tudo, mentiras, amadorismo, salários atrasados, etc… Abri mão de 1 ano de contrato com o Zaragoza, aonde era ídolo, e tinha um contrato ótimo, para voltar ao Flamengo. Fiz um contrato de 1 ano e meio. Depois de 6 meses e apenas 1 mês de salário recebido, fui na diretoria cobrar recebi uma resposta com menosprezo da parte do clube, dizendo que não tinha dinheiro. Veio a proposta da Real Sociedad e aceitei voltar pra Espanha.
O único que me queria de verdade no clube era o presidente Márcio Braga. O restante não queria e me tratavam como um desconhecido. Lamentável. Fiquei triste, principalmente pela torcida. Eu tinha um planejamento em terminar a carreira no clube. Mas não foi possível, infelizmente.
Hesley Menezes: Muita gente diz que o futebol está mais chato, que qualquer declaração vira polêmica (até usar a palavra guerra numa coletiva foi motivo para o lateral Jorge ser criticado, antes do clássico contra o Vasco, por exemplo) e dribles, muitas vezes são vistos como desreipeito ao adversário. Era mais prazeroso jogar futebol na sua época?
Nao só o futebol mudou! Tudo esta mudando, coisas que fazíamos ou brincávamos antes não podemos fazer agora. O futebol esta mais mecânico, tático, chato, a época do futebol-arte ficou mesmo no passado do futebol brasileiro. Não evolui há mais de 20 anos: pior, regride. Tivemos a grande oportunidade depois da Copa e do vexame, de mudar, revolucionar, reestruturar e não aconteceu nada.
Talentos sao escassos no nosso futebol e qualquer jogador que faça alguns gols ja é um projeto de craque, mais ainda tenho esperança que voltaremos a ser os melhores.
Diogo Almeida: Muito legal essa iniciativa de sortear uma camisa autografada para seus fãs…
Sim… Estou muito feliz mesmo! Incrível a repercussão e o número de pessoas nessa promoção. Confesso que é uma surpresa, não imaginava que eu ainda era tão querido, me emociono, digo isso de coração mesmo. O Flamengo é uma parte muito importante na minha vida e serei sempre muito grato a esse clube, a torcida sempre foi o meu combustível. Pisar no gramado e olhar paras as arquibancadas era único. E quando cantavam meu nome… Emoção, muita emoção…
Essa promoção é apenas um pouco do que posso fazer para essa torcida e meus fãs. Gostaria de dar uma camisa para cada pessoa, mais não é possível.
Diogo Almeida: Qual sua expectativa para o Fla-Flu deste domingo? Aproveita e conta pra Nação como foi aquele gol no 3 a 1 de 94!
Fla x Flu é unico, lindo, emocionante, meu primeiro gol como profissional foi nesse clássico. Quando fiz o gol em 1994 (vídeo abaixo) não sabia para onde correr, fiquei em transe, o Fluminense foi o adversário que fiz mais gols na carreira. Destino, pois meu grande pai — depois de ser Savio Futebol Clube — era tricolor. E lembrar que estarei domingo na preliminar jogando pelo master do Flamengo contra o Fluminense as 13:30h. Saudades da torcida.
Bate-Pronto
Qual o maior jogo da sua carreira com a camisa do Fla?
Fla 3 x 1 São Paulo, final da Copa ouro Sul Americana em 1996.Fiz os três gols (Manaus).
Cite alguns outros jogos especiais da sua carreira.
Fla 2 x 1 Gremio, semifinal da Copa do Brasil em 1995. Fiz os 2 gols. (Maracanã).
Fla 2 x 0 Vasco,final da Taça Guanabara. Fiz o segundo gol. (Maracanã).
Fla 3 x 0 Velez, Supercopa dos Campeões. Fiz os 3 gols. (Buenos Aires).
Fla 3 x 1 Valencia. Em pleno Mestalla. Fiz os três gols. (Valencia, Epanha).
Enfim, foram jogos especiais!
Qual o jogador, que jogou ao seu lado, mais te impressionou?
Romario e Zidane.
Qual o gol mais bonito com a camisa do Fla?
Contra o Grêmio no Maracanã, em 1995, pela semifinal da Copa do Brasil, o primeiro gol.
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